Terça-feira, 31 de Agosto de 2004
Ora só, ora sozinha
Sinto a brisa nos cabelos
Vento que sopra segredos
Transporta doces apelos
Em jeito de ânsias e medos
Convertidos em novelos
Criados pelos meus dedos
Pelos meus dedos definida
Na subtil essência em linha
A imaginação que tinida
Para demorada delícia minha
Apenas a solidão intimida
No estar ora só, ora sozinha
Segunda-feira, 30 de Agosto de 2004
Desejos
Anseio o passar das horas
Nos passos onde demoras
Nos restos de auroras
De visões que adoras
Anseio o decorrer dos dias
Por percursos que seguias
Nos caminhos que cedias
Em palavras fugidias
Anseio o surgir das noites
Pelas estrelas fascinantes
Luar de brilhos cativantes
Onde me perdi antes
Anseio o calor dos sonhos
Em fogos de vela tardonhos
Remates de beijos risonhos
Acordando desejos inconhos
Anseio o glamour da vida
Nos cantos plenos de dúvida
Por fantasias de luz fervida
A cobrar a promessa devida
Domingo, 29 de Agosto de 2004
Passeio no tempo
Debaixo de um sol dourado
A linha de água transborda
Pela rebeldia e pela energia
De juncos e barcos em sintonia
[...]
Nas ondas de mar quebrado
Chocam na calmaria da borda
Da lagoa que o sol protegia
Em margens que o tempo unia
[...]
Em muralhas de épocas medievais
Repletas de mil e um (en)cantos
Percorro as ruelas empedradas
Beijo janelas forjadas em metal
[...]
A graça colhida nos estendais
Nas artes de trapos e mantos
Revivo as tradições vincadas
Nas ameias do tempo fetal
[Passeio pela lagoa e vila de Óbidos]
Sábado, 28 de Agosto de 2004
[Em mim]
Olhos do tamanho do mundo
Percorrem as leves linhas
Em que se tecem sonhos
Ora tristes ora risonhos
De esperanças minhas
Que retenho no fundo
[Em mim]
Sexta-feira, 27 de Agosto de 2004
Partidas da mente
A mente prega partidas
[Tropeço em pensamentos]
Confusas, difusas
Mente tão completamente
[Que me enganam em sentidos]
Pura, insegura
Prega deambulações
[Fixos em pontos comuns]
Curtas, brutas
Partidas sem regressos
[Pensamentos sentidos em pontos comuns]
Soltas, recoltas
Quinta-feira, 26 de Agosto de 2004
Para além de mim...
...
Já chega!!!
De fechar os olhos sem sono
De os abrir para o abandono
... Já
Não hesito, não estaco
A vida não vigia meu passo
Não espera o meu regresso
... Já não
Quero demorar-me em sonhos
Acordar de novo por dentro
E viver por fora do centro
... Já não quero
Ser na essência o espírito
Palavras em sopros de amor
Versos soltos [s]em dor
... Já não quero ser
Mais do que humana e real
De carne e osso forjada
De corpo e alma nascida
... Já não quero ser mais
Nada me impede de explorar
Os caminhos menos certos
Pelos atalhos desertos
... Já não quero ser mais nada
... Apenas ser, apenas viver
No mundo à minha imagem
No olhar tornado miragem
... Já não quero ser mais nada...
... Para além do que sonho...
... Para além do que sinto...
... Para além do que penso...
... Para além de mim...
Quarta-feira, 25 de Agosto de 2004
Viver [a vida]
Viver a vida escrevendo-a
Em versos de prosas eternas
A imaginação em linhas ternas
Em doces emoções internas
Viver a vida pintando-a
Em telas de tinta ao acaso
A cor de quem não faz caso
Em riscos que a vida deu azo
Viver a vida cantando-a
Em melodias vindas da alma
O som que embala e acalma
Em surdinas trazidas na palma
Viver a vida sonhando-a
Em sonhos de imortais desejos
A imagem fiel de suaves beijos
Em rodopios de prazer e ensejos
Viver a vida vivendo-a
Escrevendo-a a cada passo
Pintando-a no erro crasso
Cantando-a [s]em compasso
Sonhando-a em tempo lasso
Vivendo-a...