Sexta-feira, 30 de Abril de 2004
A realidade crua e dura
Este texto já tem mais de um ano e infelizmente continua tão actual. Cada vez que o leio não consigo conter uma lágrima. Pena que as pessoas que deveriam lê-lo e, sobretudo agir, não o fazem.
"Diário de um cão
1ª semana - Hoje completei uma semana de vida. Que alegria ter chegado a este mundo!
1 mês - A Minha mãe cuida muito bem de mim. É uma mãe exemplar!
2 meses - Hoje separaram-me da minha mãe. Ela estava muito irrequieta e, com seu olhar, disse-me adeus. Espero que a minha nova "família humana" cuide tão bem de mim como ela o fez.
4 meses - Cresci rápido; tudo me chama atenção. Há várias crianças na casa e para mim são como "irmãozinhos". Somos muito brincalhões, eles puxam-me o rabo e eu mordo-os na brincadeira.
5 meses - Hoje deram-me uma bronca. A Minha dona ficou incomodada porque fiz xixi dentro de casa. Mas nunca me haviam ensinado onde deveria fazê-lo. Além do que, durmo no hall de entrada. Não deu para aguentar.
8 meses - Sou um cão feliz! Tenho o calor de um lar; sinto-me tão seguro, tão protegido... Acho que a minha família humana me ama e me dá muitas coisas. O pátio é todinho para mim e, às vezes excedo-me, cavando na terra como meus antepassados, os lobos quando escondiam a comida. Nunca mais me educam. Deve ser correcto tudo o que faço.
12 meses - Hoje completo um ano. Sou um cão adulto. Os meus donos dizem que cresci mais do que eles esperavam. Que orgulho devem ter de mim!
13 meses - Hoje acorrentaram-me e fico quase sem poder movimentar-me até onde tem um raio de sol ou quando quero alguma sombra. Dizem que me vão observar e que sou um ingrato. Não compreendo nada do que está a acontecer.
15 meses - Já nada é igual... moro na varanda. Sinto-me muito só. A minha família já não me quer! Às vezes esquecem-se de que tenho fome e sede. Quando chove, não tenho tecto que me abrigue...
16 meses - Hoje tiraram-me da varanda. Estou certo de que a minha família me perdoou. Eu fiquei tão contente que pulava com gosto. O meu rabo parecia um ventilador. Além disso, vão levar-me a passear! Dirigimo-mos para a auto-estrada e, de repente, pararam o automóvel. Abriram a porta e eu desci feliz, pensando que passaríamos o dia no campo. Não compreendo porque fecharam a porta e se foram embora. "Ouçam, esperem!!" lati... esqueceram-se de mim... Corri atrás do carro com todas as minhas forças. A minha angústia crescia ao perceber que quase perdia o fôlego e eles não paravam. Tinham-se esquecido de mim!
17 meses - Procurei em vão achar o caminho de volta ao lar. Estou só e sinto-me perdido. No meu caminho existem pessoas de bom coração que me olham com tristeza e me dão algum alimento. Eu agradeço-lhes com o meu olhar, desde o fundo da minha alma. Eu gostaria que me adoptassem: seria leal como ninguém! Mas apenas dizem: "pobre cãozinho, deve ter-se perdido."
18 meses - Um dia destes, passei perto de uma escola e vi muitas crianças e jovens como os meus "irmãozinhos" aproximei-me e um grupo deles, rindo, atirou-me uma chuva de pedras "para ver quem tinha melhor pontaria". Uma dessas pedras feriu-me o olho e desde então, não vejo com ele.
19 meses - Parece mentira. Quando estava mais bonito tinham compaixão de mim. Já estou muito fraco; o meu aspecto mudou. Perdi o meu olho e as pessoas mostram-me a vassoura quando pretendo deitar-me numa pequena sombra.
20 meses - Quase não posso mexer-me ! Hoje, ao tentar atravessar a rua, por onde passam os carros, um acertou-me! Eu estava num lugar seguro chamado "calçada", mas nunca esquecerei o olhar de satisfação do condutor, que até se vangloriou por me ter acertado. Oxalá me tivesse matado! Mas só me deslocou as patas traseiras! A dor e terrível ! As minhas patas traseiras não me obedecem e com dificuldade arrastei-me até a relva, na beira do caminho. Faz dez dias que estou debaixo do sol, da chuva, do frio, sem comer. Já não posso mexer-me! A dor é insuportável! Sinto-me muito mal, fiquei num lugar húmido e parece que até o meu pelo está a caír...
Algumas pessoas passam e nem me vêem outras dizem: "não te chegues perto".
Já estou quase inconsciente mas alguma força estranha me faz abrir os olhos. A doçura da sua voz fez-me reagir. "Pobre cãozinho, olha como te deixaram", dizia...
Com ela estava um senhor de avental branco. Começou a tocar-me e disse: Sinto muito senhora, mas este cão já não tem remédio. É melhor que pare de sofrer".
A gentil senhora, com as lágrimas caíndo pelo rosto, concordou. Como pude, mexi o rabo e olhei-a, agradecendo-lhe que me ajudasse a descansar. Somente senti a picada da injecção e dormi para sempre, pensando em porque tive que nascer se ninguém me queria... "
Autor Desconhecido
De
ridufa a 4 de Maio de 2004 às 10:55
Vou ver disso. Obrigada pela visita ;)
Fez-me lembrar a "Metamorfose" de Kafka. Se puderes lê.
De
Devius a 1 de Maio de 2004 às 01:01
Muito bonito... não é só com os outros animais isso...
De
Tiago a 1 de Maio de 2004 às 00:52
Já conhecia esse texto. É mesmo triste :( . Eu na última vez k tive um cão foi pork uma amiga foi buscar um ao canil sem pedir à mãe dela. Como a mãe n a deixou pediu à minh família para ficar com ele. Como aquilo n estava a resultar e n podíamos ficar com ele, tivemos de o ir meter de novo ao canil. Não o abandoná-mos, mas n sei se ainda estará vivo. Eu acho k no canil n os abatem, mas ...
Bem, gostei do teu blog. Fica bem :) .
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